“Propriedade rural é empresa, tem que ser lucrativa”, diz superintendente do Senar-DF
Um dos maiores problemas do produtor rural brasileiro é que ele, a despeito de saber produzir, ele não sabe gerir sua propriedade enquanto empresa, controlando suas finanças. É a opinião de Eduardo Schulter, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Distrito Federal (Senar/DF), convidado do CB.Agro — parceria entre Correio Braziliense e TV Brasília —, desta sexta-feira (15/3). O especialista destrinchou a atuação do Senar para auxiliar agricultores a ter melhores condições de produção e gerenciamento de suas propriedades.
Schulter explicou que o Senar oferece há 10 anos, em nível nacional, o Programa de Assistência Técnica e Gerencial, que acompanha o produtor por 24 meses, de forma gratuita. Nesse escopo, os produtores são ensinados a trabalhar o gerenciamento financeiro de sua produção, envolvendo receita, custos e lucro, com base em um planejamento estratégico traçado ao início do projeto.
“Nosso técnico de campo vai até a propriedade no início do projeto, faz um diagnóstico daquela propriedade, traça um planejamento estratégico junto com esse produtor e, depois, ele vai, etapa a etapa, incrementando tecnologias e adequando o manejo. Um ponto importante desse programa é a parte gerencial, em que o produtor que é atendido por esse técnico tem que registrar tudo o que ele compra e o que ele vende, para que ele possa ver se o custo de produção dele está adequado, se o preço de venda está adequado, se ele realmente está tendo lucro e se está sendo viável o negócio dele”, explicou. Confira a íntegra da entrevista:
Eduardo defendeu que as propriedades rurais são, também, empresas rurais e devem funcionar como tal, visando ter uma produção lucrativa. O problema é justamente a parte gerencial: o produtor sabe produzir, mas não tem controle de sua recorrência de venda ou de nenhum fator relacionado a ela. O programa, segundo disse, traz essa possibilidade ao produtor, caso ele trabalhe de forma colaborativa aos direcionamentos do técnico.
“Muitas vezes, o produtor sabe produzir. A grande questão é que ele não tem controle de com qual recorrência ele está vendendo, se está vendendo para o local certo, onde ele realmente está tendo lucro, se ele anota todos os custos, se ele mistura as finanças — porque, às vezes, ele tem mais de uma atividade —, então ele mistura finança pessoal com finança da propriedade. Nosso técnico de campo faz essa organização junto com o produtor. A gente tem que entender, também, que não é só o técnico de campo sozinho que resolve nada. Ele precisa dessa contrapartida, desse compromisso do produtor durante esses dois anos. Depois desse processo, o Senar sai da propriedade. Ele até pode voltar com outras ações, ou em uma outra cadeia produtiva, mas a ideia é que esse programa tenha início, meio e fim”, destacou.
Somente no DF, segundo Eduardo, o programa tem 19 turmas em funcionamento, entre 13 cadeias produtivas diferentes. “Tem algumas cadeias em que a gente tem mais de uma turma porque um técnico acompanha entre 20 e 30 produtores todos os meses. É um programa de bastante sucesso, a gente tem visto que consegue transformar a vida das pessoas através desse acompanhamento técnico”.
Para participar do programa, o produtor deve ter uma propriedade rural com produção já ativa, procurar o Senar — poderá ser o Senai ou Sebrae, dependendo da região — e ter algum tipo de documentação que comprove que ele é produtor rural. Agricultores iniciantes — que não são contemplados — podem participar do Programa de Formação Profissional Rural, pelo qual o Senar oferece cursos de formação de curta duração em diversas cadeias produtivas, tanto animal quanto vegetal.
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori
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