Facções do tráfico avançam para o asfalto na Zona Norte do Rio, colocam barricadas, exploram serviço de internet e circulam pelas ruas: ‘A gente vê bandido com fuzil de dia e de noite’

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Facções do tráfico avançam para o asfalto na Zona Norte do Rio, colocam barricadas, exploram serviço de internet e circulam pelas ruas: ‘A gente vê bandido com fuzil de dia e de noite’

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dez,2024

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Duas facções do tráfico que controlam favelas de uma mesma região, que abrange os bairros da Penha, de Brás de Pina e de Cordovil, na Zona Norte do Rio, expandiram suas ações para o asfalto e já exploram negócios ilegais fora das comunidades, como venda de sinais clandestinos de internet e TV por assinatura. Para piorar, bandidos chegaram ao ponto de instalar câmeras na área da Praça do Country para monitorar moradores e não serem surpreendidos por operações policiais ou ataques de rivais.

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No entorno do Complexo da Penha, dominado por Edgar Alves de Andrade, o Doca, integrante da cúpula do Comando Vermelho (CV), barricadas podem ser vistas a uma distância de aproximadamente 150 metros dos acessos ao conjunto de favelas, incluindo a Vila Cruzeiro. Na terça-feira, um carro foi incendiado junto a uma delas, durante uma operação policial que deixou um morto e cinco feridos.

Já nas cercanias da Cinco Bocas, uma das comunidades que formam o Complexo de Israel, integrantes da quadrilha de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, da facção Terceiro Comando Puro (TCP), têm sido vistos com fuzis e pistolas nas ruas próximas à Praça do Country. Eles circulam com as armas até mesmo à luz do dia.

Os poucos quilômetros que separam os dois complexos e o Morro do Quitungo, dominado por um aliado de Doca — Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, do CV —, virou uma espécie de campo minado, onde transitar é correr risco de ser atingido por um tiro ou explosivo.

— Todo mundo tem medo de sair de casa e passou a ser obrigado a fazer pagamentos a traficantes — disse um morador, pedindo anonimato.

Relatos dão conta de que a quadrilha de Peixão proibiu a presença de técnicos de empresas de internet em parte de Brás de Pina.

— Agora somos obrigados a assinar a internet do tráfico. A gente vê bandidos com fuzis durante o dia e à noite, e escuta tiros toda hora. É assustador o que está acontecendo — lamentou um morador da região conflagrada.

Um outro morador ouvido pelo EXTRA confirmou que a área onde vive ficou sem internet. Ele disse que, em um e-mail, o antigo provedor informou estar impossibilitado de continuar prestando o serviço por motivo de segurança. Dias depois, recebeu uma correspondência eletrônica de outra empresa, que lhe ofereceu sinais de banda larga. Ela seria da quadrilha de Peixão.

Um vídeo gravado pelo setor de inteligência da Polícia Civil durante a operação de terça-feira mostra cerca de 30 bandidos armados saindo do Complexo da Penha pela Serra da Misericórdia, a mesma rota de fuga usada por bandidos em 2010, quando o conjunto de favelas foi ocupado por forças do estado.

O secretário estadual de Segurança, Victor Santos, destacou que a operação não teve como objetivo prendê-los, mas, sim, obter provas mais robustas dos crimes na região.

A polícia não comentou a situação no entorno dos complexos da Penha e de Israel.

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